terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tem de fiscalizar e penalizar”, diz professor de engenharia da UFRGS

ENTREVISTA EM 08/06/2010
Luis Antonio Lindau afirma que o Brasil não pode ficar apenas nas campanhas de conscientização
Tentativas de educar para o trânsito são importantes, mas o Brasil precisa de mais do que isso. Para o engenheiro Luis Antonio Lindau, doutor em transportes, o país não pode ficar apenas nas campanhas de conscientização. Em entrevista concedida ontem, o professor do Laboratório de Sistemas de Transporte da UFRGS defende que a educação tem de ser acompanhada por investimentos em engenharia viária e fiscalização, carentes no Brasil:

Zero Hora – O que ainda se pode fazer para reduzir as mortes no trânsito brasileiro?

Luis Antonio Lindau – Educação é um coisa que já se tem há algum tempo. Há investimento nisso. Mas a experiência do mundo desenvolvido mostra que é preciso um tripé, composto por educação, fiscalização e engenharia viária. Educação já existe. Estão faltando no Brasil os outros dois elementos. Investe-se pouco em fiscalizar e em fazer vias que evitem acidentes ou minimizem seu impacto. No mundo desenvolvido, é comum alguém ser parado para fazer o exame do bafômetro. Já aconteceu comigo várias vezes no Exterior, mas nunca no Brasil. Não vou dizer que não falta investimento em educação, mas educação por educação não vai resolver o nosso problema. Está faltando investir também nas coisas em que não investimos.

ZH – Nosso motorista é imprudente porque sabe que não será fiscalizado e punido?

Lindau – Essa é a percepção geral. Lá fora também se faz campanha de educação, mas se investe muito em fiscalização. Lá, as avenidas são pensadas para reduzir riscos. Aqui em Porto Alegre, ainda há quem discuta aumentar o limite de velocidade na cidade, o que é um contrasenso, porque significa matar mais gente. Para se ter uma ideia da distância a que estamos dos países desenvolvidos, temos um número de mortes no trânsito equivalente ao dos Estados Unidos, apesar de termos 16 vezes menos passageiros por quilômetro.

ZH – O que se pode fazer em relação aos jovens, que estão entre os que mais morrem no trânsito?

Lindau – Os jovens se envolvem mais em acidentes por questões psicológicas, hormonais, de consciência. É da experiência de vida, de não entender que se morre. Temos de saber que isso existe e que é preciso fazer certas coisas, como coibir bebida em posto de combustíveis. Mas para esse público insisto na questão da fiscalização, porque a conscientização já é feita. Não adianta chegar ao bar e dizer para o cara que está bebendo: “olha, não vai dirigir”. Ele sabe que vai dirigir e não vai acontecer nada. Os locais onde ficam os bares são conhecidos. Tem de fiscalizar e penalizar.


ZERO HORA

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